SOBRE COISAS QUE NÃO PODEM DAR CERTO.

Por Márcio Viana

Na minha estreia no Ferozes FC, eu escrevi sobre Adriano e sua lesão no tendão de Aquiles (leia aqui), que o deixaria em recuperação ao longo de todo o ano de 2011, fazendo com que o chamado Imperador retornasse aos gramados somente no finalzinho do Campeonato Brasileiro. Deu tempo de fazer um belo gol no jogo contra o Atlético-MG. Mas não deu tempo de se firmar como ídolo. Adriano entrou em mais uma confusão séria, sendo acusado de atirar acidentalmente em uma das quatro (!!!) garotas que o acompanhavam em seu carro na saída de uma boate.

Adriano está envolvido em mais um problema.

Independentemente do Corinthians já ter tido outros “bad-boys” em seu elenco, o fato é que a passagem de Adriano foi, como o famoso romance de Garcia Marquez, “a crônica de uma morte anunciada”. No lugar do presidente, eu negaria uma nova chance ao jogador que, infelizmente, a meu ver, não tem mais futuro no futebol. Precisa se afastar, se tratar, precisa de ajuda para que o cidadão seja recuperado, e só depois – talvez – tentar a sorte no futebol. Mas longe do Corinthians.

Adriano foi uma cartada do amigo Ronaldo Fenômeno, recém-aposentado, e que sonhava ter seu legado continuado por outro nome de peso (trocadilhos aqui são inevitáveis). Mas Adriano não é Ronaldo, e não tem um milésimo de seu carisma. Não deu certo.

Pensando nisso, me lembrei de alguns casos de jogadores de destaque que não deram certo no Corinthians, a maior parte deles por conta de sua identificação com os clubes rivais pelos quais passaram. Em uma conversa com João Paulo Tozo e Felipe Oliveira, lembramos de alguns deles.

Garrincha: o grande ídolo do Botafogo, bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira nas copas de 1958 e 1962, chegou ao Timão em 1966, já decadente. Fez 13 partidas pelo Corinthians e marcou apenas dois gols.

O gênio da perna torta não conseguiu jogar bem pelo Timão.

Serginho Chulapa: em 1985, após a saída do Doutor Sócrates, o Corinthians tentou, sem sucesso, montar um esquadrão. O grande nome daquele time seria Chulapa, com passagens de sucesso por São Paulo e Santos, tendo inclusive sido campeão paulista pelo Peixe justamente contra o Corinthians. Foi uma passagem para ser esquecida, realmente, e o próprio Serginho admite que foi um equívoco.

Uma legenda apropriada para a presença de Chulapa nesta foto seria "O que é que eu tô fazendo aqui?"

Edmundo: o Animal veio jogar no Corinthians em 1996, logo após o fatídico acidente de carro que ele causou, e no qual morreram três pessoas. Sem clima no Rio, Edmundo acabou sendo emprestado ao Corinthians pelo Flamengo. Vindo de uma má fase no rubro-negro, quando dividiu o ataque com Romário e Sávio, também não conseguiu se adaptar ao Timão, apesar de ter jogado bem e marcado gols. Deixou o time no segundo semestre para retornar ao Vasco, onde daria a volta por cima.

O Animal jogou bem, mas o Parque São Jorge não era o habitat dele.

Paulo Nunes: provavelmente o maior equívoco da história do Corinthians. Ídolo e vencedor no arquirrival Palmeiras, o chamado Diabo Loiro sempre tripudiou dos rivais e foi personagem da famosa briga com Edilson na final do Paulistão de 1999. Paulo Nunes inclusive chegou a ironizar o Campeonato Paulista, chamando-o de “Paulistinha”. Curiosamente, em sua passagem pelo Timão, em 2001, esteve no elenco que ganhou o campeonato regional daquele ano, e teve de se retratar. Mesmo imitando um gavião em sua comemoração quando marcou seu primeiro gol pelo Timão, não conseguiu cair nas graças da torcida. Uma página arrancada na história do Corinthians.

O maior erro da história do Corinthians.

Alcindo: revelado pelo Flamengo e ídolo no Japão junto com Zico, o atacante com visual semelhante ao Mestre dos Magos não conseguiu repetir o sucesso no Corinthians em 1996. Atuando por 12 jogos, fez apenas dois gols e deixou o clube sem ganhar nenhum título, passando pelo Fluminense antes de voltar ao Japão.

Mestre dos Magos?

Branco: o lateral-esquerdo campeão mundial pela Seleção em 1994  chegou bem ao Corinthians, tendo inclusive feito gols importantes, mas falhou na final do Brasileirão contra o Palmeiras, e acabou ficando estigmatizado pela perda do campeonato. Saiu no ano seguinte, rumo ao Flamengo.

O lateral esquerdo passou em Branco pelo Timão... ops!

Müller: o jogador, revelado pelo São Paulo, atuou pelos 5 grandes clubes paulistas, além de ter passado também pelo São Caetano. Atuou na equipe que perdeu para o Grêmio na final da Copa do Brasil em 2001. Em sua passagem pelo Corinthians, cravou a frase “o futebol é um meio sujo”. Em campo, um dos jogadores mais inteligentes do futebol brasileiro. Infelizmente, não estava bem fisicamente.

Ele dizia que o futebol é um meio sujo. Mas continua nele.

César Sampaio: em 2001, sob o comando de Wanderley Luxemburgo, o Corinthians trouxe o habilidoso volante, já com 33 anos, com um contrato de três meses. Cumpriu o contrato, apenas. Foi revelado pelo Santos, e jogou no São Paulo no final da carreira, mas seu auge foi mesmo no Palmeiras.

E aí, ficou boa em mim essa camisa?

Roberto Carlos: outro jogador trazido por intermédio de Ronaldo, chegou a jogar bem no ano de 2010, tendo sido escolhido como o melhor lateral esquerdo do Brasileirão daquele ano. Mas teve problemas por certa falta de interesse demonstrada em alguns momentos. Deixou o clube alegando sofrer ameaças da torcida, e assinou contrato milionário com o Anzhi, da Rússia.

Tá russo!

Acredito que Adriano se encaixa nesta lista, e não vejo o Imperador se redimindo. Oficialmente, a diretoria do Timão manifesta apoio ao atacante e a garantia de que o contrato não será quebrado. Considero um erro. É uma história que merecia ser encerrada.

E você, caro leitor, o que acha? Comente sobre Adriano, e sobre jogadores que não deram certo. Será que eu esqueci de alguém?

Termino com o recém-lançado clipe de “Rumo de tudo”, da banda goiana Violins, que lançou este ano o bom disco “Direito de Ser Nada”. Abraços.

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